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Toyota GR Yaris: Imbatível

Toyota GR Yaris: Imbatível
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“Não há nada igual”

Já sabemos que esta é uma proposta que vai completamente contra a corrente, um automóvel que tem como principais preocupações oferecer sensações fortes, emoções à flor da pele e tempos reduzidos no cronómetro. O Toyota GR Yaris não é para “fracos”. E agora, muito menos.

Renovado em vários pormenores onde mais precisava, o GR Yaris recebeu ainda, como “bónus”, mais potência e uma acutilância ainda maior, numa gama que está mais simplificada onde agora a decisão a tomar é só uma: manual ou automático.

Para o redescobrir, começámos pelo manual, de forma a comparar, da melhor maneira, com a “geração” anterior.

Lançado em 2020, o GR Yaris surgiu devido à necessidade de contar com um modelo de homologação para o WRC. O que, por si só, já é inédito nos dias que correm. Mas este “especial de homologação” correu bastante melhor do que o que se julgava, já que a Toyota viu o plano europeu de vendas do seu modelo ser superior em 100%, tendo garantido mais de 20.000 entregas do modelo, assim como o terceiro lugar no segmento de hot-hatches B/C.

Em Portugal a situação foi semelhante, com o Toyota Yaris “mais louco de sempre” a arrecadar, até ao mês de Outubro deste ano, 256 unidades comercializadas desde a sua chegada ao mercado.

E, ao contrário dos seus concorrentes – se assim lhes podemos chamar – este automóvel não pretende ter grandes equilíbrios com a nossa vida pessoal. É uma espécie de “nós é que nos devemos adaptar a ele”, o que prova igualmente o facto deste ser um carro secundário para 48% dos seus clientes.

Mas, o que mudou na estética?



Visto por fora, na dianteira, notamos desde logo no seu para-choques frontal que passa agora a contar com um novo desenho, que garante maior capacidade de refrigeração, assim como uma superior resistência, com uma grelha metálica (em vez da plástica anteriormente utilizada). Na secção traseira, contamos com uma nova assinatura luminosa e a passagem da luz do pára-choques e da terceira luz de stop para os farolins principais, tanto por razões de proteção, como de possíveis alterações futuras ao modelo.

A agressividade continua assegurada pela sua largura, principalmente quando visto de traseira, a sua reduzida altura da linha do tejadilho e das jantes de 18’’ que escondem um generoso sistema de travagem com bombas de travão vermelhas. Para personalizar o modelo, contamos com uma nova cor, que não era esta aqui presente, Cinza Heavy Metal, que se junta ao Preto Eclipse (da unidade em ensaio), Vermelho Emotional II e Branco Platina.

No interior as diferenças são ainda mais notórias e eram, efetivamente necessárias. Na altura que testámos o modelo, achámos, tal como os seus clientes, que o interior era demasiado similar ao modelo que lhe dá o nome, assim como a visibilidade ficava comprometida pelo teto mais baixo, que deixava vago pouco espaço entre o espelho retrovisor e o ecrã multimédia.

Agora, o GR Yaris tem um tablier específico, inspirado na competição, onde permite que tudo seja alcançável pelo condutor, mesmo que um dia instale um sistema de cintos de quatro pontos. Isto confere igualmente uma melhor visibilidade, assim como individualidade ao modelo, que conta igualmente com um (bastante) melhor painel de instrumentos, agora totalmente digital e de mais fácil leitura.

A posição de condução é também mais baixa (em 25mm) que permite uma melhor sensação de união com o automóvel.



De resto, os bancos continuam a ter um apoio isento de falhas, podendo agora contar com um novo estilo que une lhe dão uma maior desportividade, com pespontos e cintos de segurança vermelhos. Atrás existem dois assentos, que podem ser utilizados, bem como uma pequena bagageira de 174l de capacidade, para que não existam desculpas para não utilizar este GR Yaris mais vezes.

Ao volante

 O motor 1.6l com uma arquitetura de três cilindros conta agora com mais 29cv, passando dos 261 para os 280cv, com o binário a subir praticamente o mesmo valor, dos 360 para os 390Nm, mantendo a mesma faixa de utilização, atingindo esse valor pouco depois das 4500rpm. Prova que um coração pequeno, pode ter um pulmão cheio.

A Toyota trabalhou bem de perto com os seus clientes e equipas que utilizaram o GR Yaris, para entender a fraqueza de algumas peças, de forma a melhorá-las e tornar este automóvel ainda mais numa “track-weapon”. Portanto, os pistões são agora mais fortes, a refrigeração foi melhorada, para evitar o sobreaquecimento e “derreter” o para-choques (entendem agora a grelha ser de metal?). A proteção inferior do motor foi revista, o spray do intercooler passa a estar disponível, assim como uma conduta especifica para os travões e um sub-radiador, bem como uma conduta de ar frio na zona superior do motor.

Numa estrada de montanha é onde este GR Yaris mais gosta de estar, onde o seu “pulmão” se mostra nas subidas e a agilidade se destaca nas curvas, enquanto o seu grip se evidencia à saída destas. A transmissão manual proporciona uma ligação “homem-máquina” perfeita – embora a automática seja mais rápida – e que permite um total controlo e sensação de realização a cada passagem. Aqui, o “ponta-tacão” é fácil de ser feito, embora existe um automático (iMT) para que cada redução o mais suave possível e evite desequilíbrios.



Houve também alterações no sistema de repartição de potência do sistema GR-Four. Carregando agora no botão central vamos para o modo Track que passa dos 50:50 de anteriormente para ser variável entre as repartições 60:40 ~ 30:70, o modo Sport desaparece, dando origem ao Gravel, que distribui a potência no rácio 53:47, enquanto o Normal permanece inalterado, com os 60:40. Os modos de condução são quatro: ECO, Normal, Sport ou Custom (onde podemos “afinar” alguns parâmetros). O modo Expert é acionado quando desligamos o controlo de tração e estamos por nossa conta, desligando igualmente os sistemas de segurança ativa para nada nos distraia quando estamos num local apropriado para explorar um GR Yaris, como uma pista. Algo que fizemos (podem ler aqui).

Neste reencontro, muito desejado, pudemos voltar a descobrir o prazer de conduzir um automóvel tão analógico, que conta agora também com uma maior rigidez da carroçaria, graças a novas torres de suspensão, soldadura por pontos e novos adesivos estruturais.

A experiência de condução resume-se num automóvel que tem agora uma melhor posição de condução – ainda que continue a ser elevada – o que permite uma melhor “leitura”. O tablier está bastante melhor, permitindo uma maior visibilidade para o exterior, não obrigando a colocar o espelho retrovisor para o lado. O seu motor é um poço de força, disponível desde baixas rotações, permitindo até que abordemos as curvas com uma relação acima, dando a hipótese de aproveitar a sua força para sair dessas sem uma necessidade imediata de “subir” uma relação, confiando no sistema de tração integral, que nos aumenta os limites bem acima do que podemos esperar. Os pneus Michelin Pilot Sport 4S dão também uma ajuda preciosa nisso, fazendo um bom par com o sistema GR-Four.

A direção pareceu-nos mais direta, o que torna este Toyota bastante reativo e fácil de posicionar de forma quase milimétrica na estrada, onde cada quilómetro ao volante nos permite que a confiança aumente. Essa é igualmente dada pelos travões, que continuam a ser alvo de palavras positivas, já que são fáceis de dosear, assim como resistem suficientemente bem à fadiga. Em termos de modos de condução, as diferenças estão na resposta da direção e do acelerador.

Mergulhando na ficha técnica, temos um automóvel que agora demora 5,2s (0,3s) para cumprir um arranque dos 0-100km/h e uma velocidade máxima anunciada de 230km/h. O seu peso de 1355kg não é exagerado face a uma potência de 280cv, enquanto a dimensão de 3.995mm o torna num verdadeiro “foguete de bolso” sem rivais.

E isso, mas ainda mais as suas sensações, justificam os 58.000€ pedidos pela Toyota por uma unidade igual a esta. Não é um automóvel que se compre racionalmente, é puramente emocional, mas as coisas emocionais são aquelas que mais valor têm na nossa vida e são as que recordamos com mais carinho e durante mais tempo. O GR Yaris está melhor do que nunca. Está bom e recomenda-se.

A versão automática é mais uma escolha, que para a Toyota faz toda a lógica já que atinge um maior publico (principalmente o doméstico) e pode ser ainda mais rápido, fazendo com que nos dediquemos só à direção, ao acelerador e ao travão.

Nós não nos importamos de descobrir, se isso significar passar mais alguns dias na companhia de um dos mais brilhantes automóveis que a indústria viu nascer na última década.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!