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Teste Completo: Renault Scenic E-Tech

Teste Completo: Renault Scenic E-Tech
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“O Galardoado”

 

Este é o Renault Scenic E-Tech, mais um importante modelo para a marca gaulesa. Para além de ter voltado a conseguir o prémio de “Car of The Year” – algo que o original Scenic tinha feito em 1997 -, revoluciona igualmente a sua filosofia, passando a ser agora um SUV 100% elétrico. No entanto, tal como vamos poder confirmar nas próximas linhas, a preocupação familiar continua bem presente.

Teste completo à versão Iconic, equipada com a bateria de grande autonomia e 160kW (220cv) de potência.

 

Exterior

O Renault Scenic de quarta geração adota uma nova linguagem de design, que em 4470mm de comprimento, dão espaço a uma mistura bem conseguida de linhas vincadas, rasgos e uma imagem de elevada robustez, graças a linhas mais horizontais e até algo conceptuais.

Nesta criação, já assinada por Gilles Vidal, a dianteira conta com uma grelha fechada, contando com um padrão original no seu lugar, enquanto os grupos óticos, mais esguios, conferem uma maior sensação de largura, incrementada igualmente pelos os elementos luminosos verticais, semelhantes aos que encontramos também nos renovados Clio e Captur.

Na lateral, a sensação é de que o Scenic é maior do que realmente é, graças a uma imagem que até se pode afirmar de imponente e que resulta melhor ao vivo, do que nas fotos que podem aqui ver. É na lateral que se carrega este Renault e é igualmente na lateral que constatamos uma linha de cintura elevada, um tejadilho em cor contrastante, assim como elementos cromados que conferem a este modelo uma imagem mais premium.

Nesta versão Iconic, as jantes assimétricas de 20’’ polegadas são imagem de marca, aumentando ainda mais a imagem conceptual que falámos acima.

A traseira está bem resolvida e em linha com o resto desta proposta da marca francesa. O destaque vai para os farolins em LED que, tal como na dianteira, aumentam a sensação de largura do modelo. O spoiler é proeminente, assim como as extremidades dos para-choques, que pretendem igualmente “guiar” o fluxo de ar para que a aerodinâmica seja a melhor possível.

Para revestir este novo Renault Scenic E-Tech estão disponíveis 5 cores, que podem ser conjugadas com dois tons disponíveis para o tejadilho.



Interior

Dentro do Scenic E-Tech encontramos uma atmosfera idêntica à que encontramos no Megane E-Tech, mas também no Austral e Espace. Ou seja, bastante digitalizado, sem perder alguns dos comandos essenciais em formato físico.

O ambiente interior é confortável e é um local onde apetece estar, principalmente nesta versão Iconic que opta por revestimentos mais claros, aumentando a sensação de espaço. E esse espaço na dianteira é desde logo sentido, já que além de um bom conforto dos bancos, contamos ainda com uma visibilidade correta para o exterior. A operação do sistema R-Link facilita a vida a bordo, graças à lógica dos seus menus, assim pela assistência vocal Google que torna tudo mais simples.

Atrás do volante encontramos o seletor de marcha, que está junto dos comandos para os limpa para-brisas e do satélite que permite regular os comandos audio. Podia ser motivo de, por engano, ativar as escovas em vez de selecionar “D”. Mas a verdade é que não aconteceu.

Atrás, graças a uma distância entre eixos mais comprida (+100mm que o Megane E-Tech), o Scenic E-Tech oferece um bom espaço para as pernas, assim como em altura, devido ao tejadilho panorâmico Solarbay (opcional por 1500€). Graças a este novo elemento, a luminosidade interior aumenta, assim como impressiona pelo seu funcionamento, já que permite opacificar o vidro em diferentes secções, evitando o uso de cortina.

No entanto, o lugar central, devido ao apoio de braço que é também dono de detalhes interessantes (suportes de copos, tablets e smartphones), acaba por não ser tão confortável de viajar por largas distâncias.

Quanto à bagageira, com um portão de acionamento elétrico, a capacidade é de 545l, o que preenche a necessidade de muitas famílias. Por baixo do piso contamos com um local para guardar os cabos, já que o Scenic E-Tech não tem um “frunk” como outras soluções rivais.

Em termos de equipamento, esta versão Iconic está muito bem equipada, não faltando nada de essencial.



Condução e Consumos

Para animar este Scenic E-Tech contávamos com o motor mais potente de 160kW (220cv) montado no eixo dianteiro. Para quem não precisar de tanto andamento (nem autonomia), está disponível uma outra versão de 125kW (170cv).

Em conjunto com este mais potente, une-se uma bateria de 87Wh de capacidade útil que, segundo a marca, é capaz de alcançar até 603km em circuito misto, cumprindo as normas WLTP. Será possível?

Para começar este teste, utilizamos o modo ECO (um dos quatro possíveis de escolher), já que o primeiro trajeto seria em cidade. Durante este ensaio nunca desligámos o AC, já que o conforto não pode passar para segundo plano, mais ainda quando o termómetro não baixou dos 30º, num final de Julho quente.

Este modo mais “poupado” é suficiente para percorrer as ruas da cidade lisboeta. As patilhas de seleção permitem não mudar de “mudança”, mas sim aumentar ou diminuir a resistência de recuperação de carga. A agilidade é desde logo palpável, graças a uma direção leve e um reduzido ângulo de viragem.

Aqui, em cidade, é onde se testa também o conforto deste familiar francês, já que é neste local onde encontramos os piores pisos. Só num alcatrão muito degradado somos “sacudidos”, já que as jantes de 20’’ polegadas não fazem milagres, com o Renault Scenic E-Tech a provar ser um automóvel confortável, tal como esperávamos.

Passando para “fora da cidade”, selecionamos o modo Comfort, o que nos “desbloqueia” alguma potência extra. Em autoestrada, temos poucos ruídos aerodinâmicos e uma potência que nos permite estar confortáveis num ritmo descontraído. Se na cidade, os valores ficaram em 14,3kWh/100km, em autoestrada a 120km/h os valores sobem aos 22kWh/100km, um valor “normal” tendo em conta as suas dimensões, assim como pelo “esforço” térmico que estava a ser pedido a este Renault.

É também aqui que constatamos que a Renault fez um bom trabalho em apresentar, no computador de bordo, três diferentes distâncias, para três diferentes utilizações: autonomia em cidade, autonomia tendo em conta a nossa média de consumo e autonomia em autoestrada, para que seja mais fácil planear as nossas viagens.

Por ser um “Teste Completo”, importa igualmente ver como se comporta dinamicamente.

Numa estrada de montanha – sim, as famílias também vão às estradas de montanha, mais que não seja o condutor – o Scenic E-Tech revela-se seguro, mas é também aqui se nota mais o seu peso. A tração no eixo dianteiro não revela perdas de tração, mas fez-me desejar que estivesse a ser transmitida para as rodas traseiras. No modo mais desportivo, a direção ganha algum peso extra, não ficando tão assistida, o que é positivo. O andamento oferecido pelos 220cv provam, novamente, ser mais do que suficientes para a utilização que este modelo deverá ter.

Em termos de consumos, o Renault Scenic E-Tech foi entregue com o valor de 18,4kWh/100km, após mais de 500 percorridos. Este número “cravado” no painel, daria para fazer 472km sem necessidade de parar. Nessa paragem, poderíamos carregar até 150kW em corrente continua ou até 22kW em corrente alternada, o que por vezes importa ainda mais do que a potência máxima.



Conclusão

O Renault Scenic E-Tech é daqueles automóveis que nos convida a viajar. O seu exterior para além de futurista e de inaugurar uma nova imagem para a marca, consegue ser elegante, enquanto o interior é uma vez mais um bom exemplo de uma “digitalização controlada”. O Solarbay é um “must-have”, enquanto o suporte de braços traseiro volta a mostrar que as famílias importam para a Renault, tal como importavam em 1996 quando o primeiro Scenic foi apresentado.

Com um preço de 57.900€, este Scenic E-Tech em teste não era um automóvel barato, mas está ajustado tendo em conta a autonomia, conforto e equipamento oferecido. No entanto, a gama Scenic E-Tech está disponível desde 40.690€ para a versão que a Renault diz ser capaz de fazer 430km e que será, para muitos, o melhor negócio.

Podemos concluir igualmente que mereceu ser, uma vez mais, galardoado.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!