
“Maxi em Mini”
A terceira geração do Countryman, o maior Mini de todos, está mais “Maxi”. No entanto, os seus elementos de originalidade permanecem intactos, provando que a marca pertencente à BMW desde 2000 tem espaço para crescer, bem como mais “área” para demonstrar essa sua faceta mais jovem, que parece acompanhar a vida dos seus clientes.
Numa gama ampla em motorizações, testámos a variante 100% elétrica (Countryman E), uma das maiores novidades neste modelo, na sua versão Favoured.
Exterior
Este novo Countryman, num primeiro olhar, parece quase um modelo conceptual, já que demostra ser um verdadeiro salto face à anterior geração. Mesmo com uma mudança evidente em termos estéticos, o modelo continua, ainda assim, a ser facilmente identificado como um Mini. Em termos de comparação de dimensões, o Countryman cresceu uns generosos 130mm face à anterior geração, assim como é 80mm mais elevado. Sim, este Mini é Maxi!
Mas vamos por partes. A dianteira conta com o mesmo arranjo de anteriormente, com os faróis a continuarem a ser mais “amendoados” do que os utilizados nos “originais” Cooper, que sempre foram redondos. A sua imagem, logo desde aqui, demonstra ser mais robusta, mas mantendo os mesmos cânones, com um capot direito, com nervuras mais evidenciadas e um para-brisas bem demarcado, com o seu típico formato convexo que dá origem ao tejadilho, que pode assumir uma cor de contraste.
A imagem de robustez impera também quando visto de perfil, no Mini que será a escolha preferida para as famílias. As cavas das rodas ajudam muito a isso, assim como as jantes, que nesta unidade contavam com 20’’ polegadas e, por ser a versão Favoured, contavam com um acabamento dourado, igual ao que encontramos em vários elementos decorativos neste Mini. O pilar C conta agora com um elemento decorativo que se distingue das anteriores gerações.
A traseira voltou a ver a sua matrícula sair do portão da bagageira – como na primeira geração – fazendo com que este MINI demostre toda a sua largura. A Union Jack está presente nos farolins traseiros, enquanto o spoiler superior confere uma imagem mais dinâmica ao modelo.
Nesta versão podemos escolher entre 7 diferentes cores para a carroçaria e 4 opções de tons para o tejadilho e capas de espelhos. As jantes podem assumir três desenhos, que variam entre as 18’’, 19’’ ou 20’’ polegadas. Portanto, a personalização continua presente, como é habitual nos modelos da marca.
Interior
Se o exterior pode impressionar alguns, o interior deixará poucos a sentirem indiferença.
No seu habitáculo encontramos uma evolução em termos de habitabilidade, mas igualmente de materiais, que aumentam a sensação de qualidade compreendida, assim como uma maior digitalização.
Esta conceptualização do interior não esqueceu, contudo, as linhas mestras do que deve ser o interior de um Mini, com o foco a ir diretamente para o generoso OLED central, que é também uma novidade já que nenhuma outra marca conta com um ecrã deste tipo.
Abaixo contamos com uns comandos físicos, onde está situado o volume, os Experience Modes (já lá vamos) o seletor de marcha e o botão para ligar este Mini, que nos faz lembrar as antigas chaves para dar o “start” à ignição.
Dentro deste interior cheio de personalidade, contamos com elementos em tecido que revestem a parte superior das portas e do tablier, bem como uma caixa que nos permite guardar objetos de maior valor na consola central. O terceiro braço do volante é… uma fita em tecido, um outro pormenor curioso e repleto de bom gosto.
Atrás, o espaço é generoso e os bancos podem ser reclinados para um maior conforto. Quanto à bagageira, apresenta 460l de capacidade, sensivelmente o mesmo que tínhamos à disposição na anterior geração do modelo, mesmo nesta versão 100% elétrica.
Voltando ao ecrã central. Com uma dimensão generosa e boa imagem, este sistema Mini Operating System 9 é bastante fluido na sua operação, e passado pouco tempo já conseguimos navegar sem problemas em todos os seus “recantos”… algo que não tem, porque na verdade é redondo. Os Experience Modes permitem mudar o aspeto do ecrã, enquanto de noite ajudam ainda a dar outra atmosfera ao interior graças à iluminação ambiente. Alguns destes imitem um som, bem como o “WooHoo”, quando selecionamos o mais aguerrido GO Kart Feeling.
Ponto positivo para a posição de condução, que não é excessivamente elevada para um SUV 100% elétrico, assim como para os espaços de arrumação, algo que para quem teve um Mini no passado, impressiona e volta a provar que este Mini pode ser a escolha para quem viu a família crescer, mas não quer “sair” da marca.
Condução
Este é sempre um ponto muito importante independentemente de contar de dimensões mais generosas ou de ter uma dimensão diferente daquela que tínhamos vindo a ser habituados. Esperamos que uma proposta da marca ofereça um comportamento mais divertido, mas será que este novo Countryman o consegue oferecer? Ou aqui as suas preocupações são outras?
Nesta proposta, a família parece estar em primeiro lugar e isso é bastante aparente. No entanto, embora existam sinais de que estamos a conduzir um Mini, também aqui se nota o seu “crescimento”. Como? Com um pisar mais estável e confortável, graças a uma maior distância entre eixos. Tudo isso ajuda a sentir que este pode ser um Mini companheiro para “Maxi” viagens.
Tendo por base a plataforma UKL2, aquela que é utilizada também pelo BMW X1, é uma das responsáveis por este bom comportamento, mesmo com jantes de 20’’ polegadas como esta unidade em ensaio. Estas não prejudicam na altura de absorver irregularidades, nem no bom trabalho feito no isolamento acústico, não sendo audível ruído de rolamento.
O head-up display (que não é projetado no vidro, mas sim num acrílico) ajuda a quem não está habituado a ter o velocímetro ao centro, facilitando as indicações e a consultar a velocidade a que circulamos… O volante tem uma pega mais grossa que o normal, o que já tínhamos constatado no BMW i4, o que pode não ser do agrado de todos.
Em termos de dinâmica, o motor elétrico com 150kW (204cv) está ajustado face ao perfil deste modelo, conseguindo acelerar até aos 100km/h em 8,6s. A suavidade alia-se à disponibilidade deste tipo de solução elétrica, tornando cada viagem mais relaxante. Os consumos, no nosso percurso de teste em ciclo combinado, ficaram em 17,6kWh/100km, o que graças à bateria com 64,7kWh de capacidade útil se traduz em 367km sem necessidade de “encher”. Não é brilhante, mas também não “ofende”.
Para recuperar, o carregamento pode atingir os 130kW em carregamento rápido (30min dos 0 aos 80%) ou uns interessantes 22kW em corrente alternada, ou seja, menos de 4horas para carregar completamente.
Enfrentando algumas curvas, o Mini Countryman E mostra-se competente, mas não é o Mini que mais adora uma condução animada. Ou seja, um cliente que o escolha vindo de outro Mini não irá ficar desapontado porque constata que aqui a preocupação é mais familiar, já que este se sente maior, sem perder alguma capacidade dinâmica.
Em outras palavras: É um Mini para crescidos.
Quanto aos preços, o Mini Countryman E começa nos 45.149€. Esta unidade da Versão Favoured recheada de equipamento devido aos Pacotes que a marca utiliza (S, M, M Plus, L e XL) faziam o seu preço ascender até aos 55.839€. Para quem pretende um Countryman mais barato, ou sem ser alimentado a kilowatts, a gama começa nos 40.149€ para a versão gasolina com 170cv, ou 42.949€ caso o Diesel ainda seja uma opção “em cima da mesa”.
Conclusão
Para muitos pode ser de difícil habituação uma proposta da marca com esta dimensão. No entanto, se esquecermos que Mini significa algo “muito pequeno” e trocarmos essa ideia por Mini é também sinónimo de uma proposta automóvel com originalidade e personalidade acima da média, o Countryman é, assim, um verdadeiro Mini. A somar a isso, está agora mais crescido no seu comportamento, sendo mais confortável e, por isso, mais familiar… perdendo um pouco de GO Kart Feeling, mas para isso contamos ainda com o Cooper e o Aceman, o pequeno familiar da marca britânica.