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Teste Completo – Alfa Romeo Junior Elettrica

Teste Completo – Alfa Romeo Junior Elettrica
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“Grande na importância”

 

O Alfa Romeo Junior marca o regresso da marca de Arese ao segmento B, agora em formato SUV. O modelo, o primeiro assente numa plataforma do grupo Stellantis (e-CMP2) é também o percursor do futuro elétrico da marca italiana, utilizando os mesmos propulsores dos seus “primos” de grupo. No entanto o Junior promete uma dinâmica aguçada, que pretende ser o seu maior ponto de destaque.

 

Exterior

Longe de ser unânime no seu estilo, o Alfa Romeo Junior conta com diversos elementos que nos pretendem lembrar dos modelos da marca do Biscione, aqui reformulados para uma nova geração. O Alfa Romeo Junior quer, mais do que ser uma escolha para os conhecedores da marca, conquistar uma nova clientela, mais jovem, que pretende uma imagem distinta e desportiva.

Na dianteira, as maiores diferenças face a outros modelos da marca encontram-se na posição da matrícula, que está agora em posição central (assim manda agora a união europeia) e o logo no capot, com o scudetto a ter agora um protagonismo extra. Os grupos óticos contam igualmente com um desenho distinto, com a assinatura lumiosa a seguir a utilizada pelos Tonale, Giulia e Stelvio. O para-choques assume uma faceta mais desportiva, como seria de esperar, com entradas de ar mais evidenciadas, conferindo igualmente uma sensação de maior largura ao modelo.

De perfil, é onde se pode notar maiores parecenças com os modelos com os quais partilha a sua plataforma, contudo, é preciso estar atento. O Junior, que é 35cm mais curto que o Tonale, conta com jantes de 18’’, como as montadas nesta unidade. Alem disso, o tejadilho em cor de contraste e o elemento em vermelho, nas secções inferiores quer ser ponto de destaque na versão Elettrica Speciale. Herança do Alfa Romeo 156 tem lugar no puxador traseiro dissimulado, junto ao “Biscione Eletrificado” que nos informa que estamos perante a versão elétrica deste Junior.

Já a secção traseira, pode ser a mais polarizadora. O Junior presta homenagem ao Giulia TZ, modelo conhecido pela sua “Coda Tronca” – que significa Cauda truncada – e que surge aqui para tornar o seu desenho mais original, assim como melhorar a aerodinâmica e, com isso, aumentar a eficiência. O logo da Alfa Romeo é substituído pelas letras que escrevem o nome da marca fundada em 1910. Para revestir o seu exterior, podemos escolher entre 6 cores diferentes, onde se inclui este Azul Navigli.



Interior

No seu cockpit, a Alfa Romeo fez um esforço para dotar o Junior com uma imagem que fosse facilmente associada. Por exemplo, os elementos do tablier e da consola orientados para o condutor, a cobertura do painel de instrumentos ou o desenho das saídas de ventilação com o “biscione” iluminado. Contudo, é inevitável que se note a presença de elementos que encontramos em outros modelos do Grupo Stellantis, como é o caso dos comandos dos vidros, botão de arranque ou mesmo o comando da transmissão.

Neste tablier, encontramos dois ecrãs de 10.25’’ (um para o painel de instrumentos e outro para o sistema multimedia) sendo capazes de alguma personalização. Existem comandos físicos para a climatização, assim como para o sistema multimédia, o que é positivo. Contudo é também aqui que encontramos uma falha imperdoável, devido a não ser iluminado durante a noite, o que impossibilita a sua utilização. Algo que deveria ser revisto assim que possível.

Ainda na dianteira, os bancos são confortáveis e contam com um apoio suficiente, não sendo os opcionais Sabelt, que pretendem ser a escolha mais desportiva. Ainda encontramos bastantes espaços de arrumação sejam abertos, ou fechados como o que temos debaixo do apoio de braços. O porta-luvas tem uma boa dimensão, mas encontra-se numa posição demasiado baixa.

Atrás, o espaço é limitado, o que já era esperado devido às dimensões mais comedidas deste Alfa Romeo. Esse espaço é mais aconselhável a ser utilizado apenas por duas pessoas, não existindo muitos luxos para quem vai lá atrás, já que não contamos com muito mais do que uma tomada USB-C, exigindo ainda, para passageiros de estatura mais elevada, algum cuidado na entrada para estes lugares. Quanto à bagageira, o Junior demonstra que, mesmo sendo uma proposta dedicada a um publico mais jovem, consegue oferecer um valor razoável, com 400l de capacidade nesta versão 100% elétrica.

Quanto aos materiais, a sua apresentação é correta, já que une a alcantara com tecido e um friso que simula o alumínio. No entanto, os plásticos são todos eles rijos, existindo, porém, um material mais macio na zona onde normalmente apoiaríamos o braço.



 Condução

Se esteticamente o Alfa Romeo Junior pode ter algumas parecenças, para alguns, demasiado obvias com outros modelos do grupo. A promessa de uma condução mais dinâmica, poderá ser a resposta para quem acha o Junior “apenas um modelo para servir de entrada de gama”.

Em termos de cadeia cinemática, o Junior utiliza os mesmos ingredientes de modelos como o Jeep Avenger, Fiat 600e ou Peugeot E-2008. Ou seja, um motor elétrico, com 115kw (156cv) de potência, 260Nm de binário, entregues às rodas dianteiras. A bateria é de 54kWh (50,8kWh utilizáveis), o que segundo a marca dará para 412km sem necessidade de carregar.

No entanto, a Alfa Romeo dotou o modelo com uma afinação própria que verdadeiramente o distancia dos seus rivais diretos. A suspensão é mais firme, sem que este Alfa Romeo seja desconfortável, com os ganhos na agilidade a serem mais do que evidentes.

O modelo conta com um toque de desportividade evidente, que está num patamar acima face aos modelos que lhe emprestam o motor e a bateria. O Junior conta com um tato desportivo que se sente sobretudo na sua direção, precisa e rápida, o que é também ajudado por um volante de boas dimensões. Contudo, apenas o pedal do travão, poderia ser mais progressivo.

O seu peso de 1620kg não se pode dizer que seja leve, mas é comedido para um BEV, com as suas dimensões comedidas a fazerem com que este Junior seja o aliado ideal para a cidade, sobretudo para quem quer um Alfa Romeo. O motor de 156cv consegue “puxar” bem este SUV-B, conseguindo ser instantâneo na sua entrega de potência, sem ser violento. Os modos de condução são três: Dynamic, Natural e Advanced Efficiency, que “mexem” com a resposta do acelerador, climatização e com a assistência da direção.

Essa condução mais divertida prova que foi efetivamente feito um trabalho para distinguir o Junior. No entanto, os consumos não foram penalizados por isso. Num trajeto misto com 100km, o Junior conseguiu um valor de 14,3kWh/100km, o que daria para 351km de alcance. No final do nosso ensaio, que totalizou 550km, o valor foi de 16,1kWh. Aqui, apenas achamos que o botão para definir a regeneração deveria estar numa posição mais lógica, ou que o Junior deveria contar com patilhas para a seleção da “força” da regeneração.

Em termos de carregamento, o Junior aceita até 100kW em corrente continua. Isso significa 27 minutos para carregar os 20 aos 80% no caso do mais rápido ou 5h30 para carregar totalmente uma bateria a 11kW em corrente alternada.



Conclusão

O Alfa Romeo Junior não é um modelo para agradar os mais puristas da marca italiana. O Junior é, como dissemos acima, um Alfa Romeo para uma nova geração. É o primeiro elétrico da marca e começa precisamente num dos segmentos que mais mexe na Europa.

É verdade que o seu estilo é diferente do que temos visto num Alfa Romeo, mas é também diferente dos seus rivais, o que não é um ponto negativo. O interior conta com um arranjo mais desportivo, ainda que conte com alguns materiais mais “humildes” típicos do seu segmento. Contudo, o seu comportamento dinâmico convence, estando nos lugares cimeiros do que diz respeito à competência dinâmica, enquanto os consumos são comedidos o que também importa. O seu preço, que começa nos 38.500€ (43.250€ de unidade testada) é ainda algo elevado, mesmo que esteja em linha com os seus rivais de grupo.

Para quem achar que o valor é demasiado alto (ou ainda não está pronto para a eletrificação total), saiba que existe o Junior Ibrida (com tecnologia mild-hybrid) disponível desde 29.473€.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!