
“Aproveitar o tributo”
Estávamos em 2016 quando o Alfa Romeo Giulia chegou ao mercado. Lembro-me do primeiro teste que fiz, na altura, ao modelo. Uma unidade de cor branca, com transmissão manual e motorização Diesel. Lembro-me mais ainda quando me ligaram da Alfa Romeo a perguntar se o queria ir buscar um dia mais cedo. Obviamente que fui.
Agora, passados 8 anos, recolher um Giulia continua a ser um sentimento especial. E isso, quer dizer muito. Poucos são os automóveis que conseguem transmitir essa sensação, principalmente quando são automóveis familiares, algo que o Giulia (também) é. Este é o Alfa Romeo mais puro que podem comprar, se esquecermos o 33 Stradale. Ou seja, sentimos que é mais do que um automóvel, é também um “statement” para quem conduzir importa, para quem não se rege apenas pela lógica, mas também (ou acima de tudo) pelas emoções. Tem defeitos? É claro que sim.
Mas sabem o que é que também tem defeitos? Fazer a barba com um pincel e a própria mistura da espuma de barbear, assim utilizar um lâmina de barbeiro. Dá mais trabalho e não é mais prático. Mas há gente que o faz, porque é todo um ritual. Tal como existem pessoas que fazem a própria moagem do café em vez de colocar apenas uma insípida cápsula sem qualquer “alma” numa máquina de plástico de uma multinacional. É todo um processo que torna um simples momento, num momento especial.
Mas vamos lá ao teste. O Giulia foi renovado há uns anos, onde não existiram muitas mudanças na estética. Basicamente foram apenas os grupos óticos que receberam a nova assinatura da marca, e foi isso. No interior, ao longo destes anos, existiram mudanças na consola central, que recebeu novos comandos para uma utilização mais simples do sistema multimédia, que assume bem o peso dos anos. Na verdade, nunca foi uma referência, tendo um tratamento no ecrã que dificulta por vezes a sua leitura em situações de luz direta, assim como não é o mais simples de operar.
Por outro lado, a posição de condução é isenta de falhas, com o condutor a ter as pernas bem esticadas, um bom apoio dos bancos que unem o conforto e a desportividade e um volante com um diâmetro e espessura sem mácula, que contam com as patilhas de seleção de grandes dimensões, fixas e em metal. O ambiente interior, continua agradável, com uma desportividade digna da marca Italiana, assim como um bom cuidado com os materiais da parte superior, com esta edição Tributo a contar mesmo com um revestimento em pele no topo do tablier e portas.
Atrás, o espaço é ideal para dois, já que o túnel central é algo generoso na sua dimensão, mas está na média face à sua concorrência direta, que já foi mais vasta. A bagageira conta com 480l de capacidade, o que está igualmente em linha com os seus rivais.
Ao volante
Um Alfa Romeo, com tração traseira e motorização a gasolina é algo que parece um “match made in heaven”, ou como se diz na terra que viu “nascer” este Giulia: “Um giocco fatto in cielo”. Podem rir.
Mas é verdade, é daquelas combinações que não falham. Por exemplo, imaginem comer picanha sem arroz com feijão preto, ou scones sem doce. São combinações míticas e que vão sempre correr bem.
Debaixo do capot está um motor 2.0 Turbo com 280cv, que transmite a potência às quatro rodas através do sistema integral Q4. Em termos de prestações, contamos com uma aceleração dos 0 aos 100km/h em 5,2s e uma velocidade máxima de 240km/h. Mas, se gostam de Alfa Romeo, importa bastante o que se passa nas curvas.
Este Giulia continua a ser uma delícia de conduzir em estradas sinuosas. Porém, a unidade em teste contava com uns pneumáticos com tecnologia RunFlat, o que nos retirava um pouco a confiança e reduzia os limites deste chassis que continua a ser bastante equilibrado. Se decidir comprar um igual a este das fotos, por favor faça-nos um favor e retire-os de imediato. Ainda assim, conseguimos na mesma entender a direção bem afinada, a suspensão que faz muito para estar sempre em contacto com o asfalto, sem ser desconfortável para os passageiros. O motor é disponível, de um típico GT, não sendo muito rotativo, nem contando com o som mais emocionante. Mas isto pode ser também “culpa” de existir um outro Giulia com um trevo de quatro folhas que nos faz suspirar e nem sentir a necessidade de beber café, ou de fazer a barba para não perdermos tempo em vez de o conduzir.
As prestações são boas. No entanto, não condenamos se escolher a versão Diesel. Já que este é um familiar que poderá fazer muitos quilómetros conseguindo fazer médias de consumo mais baixas se optar por esse. Isto porque este 2.0 Turbo, consegue até bons valores em autoestrada e, em velocidade estabilizada, é possível valores na ordem dos 7,3 a 8l/100km. No entanto em condução citadina ou mais animada, os valores tocam muito facilmente nos dois dígitos.
Mas, mais uma vez. É feito para apreciadores e é uma espécie de “oásis no deserto”, podermos contar com um automóvel de segmento D, sem ser SUV, com um motor somente a gasolina, sem eletrificação, somando a isso um design com inspiração histórica.
O Giulia Tributo está disponível desde 66.400€ para a variante Diesel 2.2L com 160cv e tração traseira, passando para os 71.400€ para o Diesel de 210cv com a tração integral. Se optar por este Gasolina, terá de contar com um preço desde 73.190€.
É caro? Um pouco. Mas já repararam ao preço que está a grama de café? Há pessoas que pagam um euro por cada grama de café Kopu Luwak. E dizem que vale cada cêntimo. Para quem escolhe um Alfa Romeo, não está muito preocupado com o “Value for Money”, mas sim o “Value for Emotion”. No entanto, não existem falhas de equipamento nem de soluções de segurança.