
“O transformista”
É inevitável aceitar que, para ter sucesso, há que ter uma ampla gama de propostas SUV. A Honda sabe bem disso, não fosse ela uma das pioneiras nesse estilo, já que em 1996, lançou no mercado o CR-V. Agora, conta com o ZR-V, modelo que se situa entre o HR-V (segmento B/C) e o CR-V (Segmento D). Com uma dimensão que se situa precisamente entre os dois, tem como vantagens um sistema híbrido suave e eficiente, assim como uma boa qualidade a bordo. Mas será suficiente?
Teste ao Honda ZR-V na versão Sport.
Não se deixem enganar pelo nome, não é por Sport que o Honda ZR-V que passa a ser um desportivo. Longe disso, o Honda ZR-V quer ser um verdadeiro “amigo das famílias”, mas para aquelas que procuram algo mais “polivalente” do que um Civic, modelo com o qual partilha muito, inclusivamente a sua cadeia cinemática.
Comecemos obviamente pelo estilo.
O Honda ZR-V está longe de ser a solução mais radical da marca em termos estilísticos, o que é igualmente “bem jogado” pelo fabricante, já que assim consegue atingir um publico alvo mais vasto. Mas também não é desinteressante. É sim uma proposta sóbria que opta por um desenho robusto e de linhas “limpas”. A dianteira é o ponto mais original, com uma grelha de grandes dimensões, diferente de qualquer outro modelo da marca japonesa.
Na versão Sport, destaca-se pelas jantes de 18’’ em preto, elemento que o difere da versão Lifestyle, a mais equipada.
No interior encontramos um ambiente idêntico ao que encontrámos no Civic, embora aqui existam algumas diferenças. O tablier é virtualmente igual, com um arranjo lógico, leitura simples dos instrumentos e um sistema multimédia que é rápido e completo, permitindo a ligação por Apple CarPlay e Android Auto sem fios, enquanto o telemóvel carrega na plataforma de indução. Os comandos de climatização são uma “lufada de ar fresco”, ao serem físicos e com um formato lógico, enquanto os espaços de arrumação logo abaixo fazem com que exista espaço para largar os nossos pertences.
As principais diferenças estão aí, na consola central, diferente e mais original face ao Civic. Aqui encontramos igualmente o comando da transmissão, que não é dos mais práticos de utilizar, obrigando a olhar para ver que função estamos a executar.
A posição de condução é confortável, com uns bancos que preferem oferecer conforto ao invés de uma imagem mais desportiva. Para isso, a marca tem outras propostas, como o Type-R…
Atrás, o ZR-V apresenta-nos boas quotas em termos de habitabilidade como seria de esperar para um automóvel que conta com mais 7,7cm face ao Civic. No entanto a bagageira desaponta pela sua capacidade de apenas 390l, num segmento onde a média está em redor dos 500l de capacidade.
A “animar” este Honda ZR-V está o mesmo sistema híbrido do Civic (podem ler aqui) que oferece no seu conjunto de motores uma potência de 184cv e 315Nm, suficientes para a vida familiar deste japonês. A bateria de 1,05kWh consegue armazenar energia suficiente para conseguir circular muito do tempo em cidade, em modo zero emissões.
E é mesmo por aí que começamos, pela cidade. Aqui, este sistema híbrido mostra-se bastante eficiente e suave, graças a um modelo que tem igualmente preocupações em oferecer uma boa dose de conforto aos passageiros. Não é tão direto e imediato quanto o Civic nas suas reações.
A Honda dotou igualmente este modelo com patilhas que permitem ajustar o nível de regeneração, fazendo com que a tarefa de condução seja mais simples e confortável, reduzindo igualmente os consumos, que na esfera citadina facilmente ficam na “casa” dos 4l/100km.
Por outro lado, em autoestrada é onde os híbridos não demonstram tanto a sua capacidade de baixos consumos, ainda que o sistema da Honda esteja algo otimizado para isso. Assim, face ao Civic, o ZR-V é um pouco mais “gastador”, mas que apresentou uma média neste percurso de 6,3l/100km. Em ciclo combinado, devemos contar com uma média de 5,6l/100km, o que está longe de ser elevado para o nível de potência.
No entanto, o problema está no seu preço. A gama ZR-V começa nos 49.750€, o preço desta versão Sport. Ainda que a Honda conte com um preço “transparente”, ou seja, o valor proposto é o valor “chave na mão”, não deixa de ser difícil de aceitar um preço perto de propostas de segmento D, ou até acima de rivais PHEV, com níveis de potência mais elevados e capacidade de circular mais quilómetros em modo 100% elétrico.
Por outro lado, o Honda ZR-V tem qualidade como um interior agradável e de boa qualidade, um sistema híbrido suave e que oferece consumos comedidos, sempre com uma boa dose de conforto. Mas isso, pode não ser suficiente.