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Mais do que ausência de um vidro traseiro – Teste ao Polestar 4 Single Engine

Mais do que ausência de um vidro traseiro – Teste ao Polestar 4 Single Engine
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“Reescrever as regras”

 

A Polestar é uma das principais players no que diz respeito à mobilidade elétrica, com uma filosofia própria, elevada atenção ao detalhe e uma grande preocupação com a performance. O Polestar 4 é um statement da marca que (volta) a provar tudo isso, num SUV Coupé muito especial que tem como principal característica estética não contar com um vidro traseiro. Mas podemos adiantar desde já que este Polestar conta com bem mais pontos de interesse do que apenas esse “detalhe”.

Ao contrário do que pode ser utilizado em outras construtoras, o Polestar 4 está situado “abaixo” do Polestar 3 e “acima” do Polestar 2, já que a marca utiliza os números por ordem cronológica e não por grandeza ou posicionamento na gama. Este modelo, o segundo SUV da gama, opta por uma silhueta Coupé, o que lhe confere uma imagem mais elegante, mas, também, diferente de qualquer outra proposta presente no nosso mercado.

Portanto comecemos precisamente pelo seu exterior, que teve muita inspiração no concept Precept. Com 4,839mm, o Polestar 4 está assente na plataforma SEA (Sustainable Experience Architecture) desenvolvida pela Geely Holding, sendo um automóvel com dimensões generosas, dignas de um modelo de segmento E.

A dianteira é baixa, de forma a melhorar a eficiência aerodinâmica do modelo, destacando-se por contar com os grupos óticos divididos, adotando a mais recente filosofia de estilo da marca, dual blade. A largura é também um ponto de destaque, o que, em conjunto com a baixa altura do modelo, o torna mais desportivo na sua imagem, bem como garante uma elevada presença na estrada. O logo iluminado, conta com a particularidade de ter uma luz na parte inferior, não se destacando em demasia numa frente “clean” como a deste Polestar 4.

A preocupação com a aerodinâmica é evidente tanto na sua silhueta, como em pormenores, como os puxadores das portas retráteis. As jantes Sport de 21’’ são opção, face às 20’’ oferecidas de série.

Passando para a traseira, chegamos igualmente à zona mais curiosa desta criação da marca. A ausência do vidro traseiro é o motivo claro de maior destaque, no entanto o tejadilho panorâmico, como recai “mais tarde”, consegue tornar esse ponto menos chocante. Para ser sincero, é até complicado imaginar este Polestar 4 com um vidro traseiro, embora a marca saiba que isso poderá igualmente afastar possíveis clientes. Na traseira destaque igualmente para assinatura lumiosa que se estende em toda a largura deste Polestar, o que ajuda uma vez mais a garantir uma presença forte na estrada.

Para revestir este modelo, estão disponíveis 6 cores, com esta Magnesium a ser a oferta sem custo.



Passando para o seu interior, encontramos uma atmosfera moderna, acolhedora e não muito longe de uma imagem conceptual. Os bancos, do tipo bacquet, não fazem esquecer a inspiração da Polestar, enquanto a junção entre cores e materiais está feita na perfeição para quem gosta de atenção ao detalhe. A posição de condução é muito boa, contudo aqui encontramos um elemento que julgamos não ser necessário.

Para ajustar o volante e os espelhos temos que utilizar o ecrã central (ou o painel de instrumentos), assim como as teclas no volante. No entanto, existem três diferentes memórias para que o gesto não tenha que ser repetido sempre que se troca de condutor. Estes “atalhos” existem igualmente para abertura do porta-luvas, que é também feito através do ecrã central, algo que é feito em várias propostas da Volvo, a sua marca irmã.

De resto, poucas críticas poderão ser feitas a um habitáculo com uma apresentação tão positiva quanto esta. O ecrã em posição horizontal (ao contrário dos outros Polestar) é o motivo de destaque no tablier, que conta com um funcionamento simples, personalizável, assim como o assistente de voz Google, para uma utilização simples e eficaz. O painel de instrumentos à nossa frente é de fácil leitura e conta com tudo o que é necessário para a tarefa de conduzir. Para além disso, contamos ainda com um sistema HUD (Head-up Display) de grandes dimensões.

Os espaços de arrumação mostraram-se igualmente suficientes, com destaque para o central, coberto por uma superfície metálica de bom gosto, que conta, no topo, com o controlo de volume físico, bem-vindo num interior “alérgico” a botões.

Atrás é um verdadeiro ode ao espaço habitável. Na verdade, a decisão da ausência de um vidro traseiro foi tomada para este espaço devido ao recuo do pilar C mais para trás, de forma a não prejudicar o espaço para a cabeça.

O espaço para as pernas é bastante generoso, graças também a uma longa distância entre eixos. Igualmente a largura e altura estão livres de reparos, com os assentos traseiros a permitirem ainda regular a inclinação, assim como o aquecimento. Para trás, contamos ainda com um pequeno ecrã que permite escolher a temperatura ideal, assim com o informar (ou permitir alterar) o que estamos a ouvir no sistema de som premium Harmann Kardon que contávamos nesta unidade, fruto do Pack Plus, que integra igualmente os faróis Piexel LED e o ecrã de controlo que referimos acima.

Mas é a experiência para quem vai atrás que mais impressiona. Devido a um sistema de iluminação do ambiente que tem como inspiração o sistema solar, o Polestar 4 oferece uma verdadeira sensação de acolhimento para quem vai sentado atrás. Durante o dia não se sente a falta do vidro traseiro devido ao amplo tejadilho panorâmico em vidro, que pode contar com um ajuste de opacidade.

Quanto à bagageira, contamos com 526l de capacidade, podendo esse valor ser aumentado graças ao rebatimento dos bancos traseiros. O acesso é fácil e a base de carga é suficientemente larga. Existe ainda um “frunk” com 15l de capacidade, com um espaço ideal para guardar o cabo de carregamento.



Ao volante

Para um primeiro teste em território nacional, estivemos aos comandos da variante Long Range Single Engine, aquela que será a responsável pelo maior número de vendas. Com um motor elétrico, montado no eixo traseiro, oferece 220kW (272cv) de potência e um binário de 343Nm, em conjunto com uma bateria de 94kWh de capacidade útil. Segundo a marca, é capaz de fazer até 620km sem necessidade de carregar. Mas quanto a isso já lá vamos.

Sem necessidade de carregar no Start (por não contar sequer com o botão), basta carregar no travão e selecionar a marcha necessária, o que continua com a experiência holística do modelo. O Polestar 4 assume-se desde logo como um automóvel grande no seu pisar, ainda que consiga ser ágil graças a uma direção direta e um comportamento do chassis são, devido a uma arquitetura de suspensão evoluída.

No entanto, sente-se o seu peso, já que são 2305kg. Porém, a potência sente-se bastante suficiente sem mostrar qualquer esforço, mostrando ser indicada para um condutor que procure uma experiência de condução envolvente, mas que não exige um nível de potência tão elevada quando a versão Dual Engine. A aceleração dos 0 aos 100km/h demora 0,0s, enquanto a velocidade máxima está limitada a 200km/h, demonstrando ainda, mais importante que isso, uma boa recuperação.

A suspensão permite ser regulada, assim como escolher entre três diferentes assistências da direção, o que pode aumentar o feedback entregue ao condutor. Boa nota igualmente para o tato de travão, fácil de modular.

É em autoestrada onde mais podemos sentir o conforto de rolamento deste Polestar 4, evidenciando ainda uma boa insonorização fazendo com que seja mais agradável estar no seu interior. Em cidade, as câmaras ajudam, assim como a direção. No que diz respeito ao espelho retrovisor, é uma questão de hábito, já que permite ver mais do que se contássemos com um vidro.

Em termos de condução mais dinâmica, nota-se a essência da Polestar, com uma dianteira que insere bem em curva e conta com um controlo correto dos movimentos, evidenciando-se uma vez mais o bom tato de travão, o que ajuda a uma maior suavidade.



Quanto aos consumos, o Polestar 4 Single Engine Long Range conseguiu, no nosso percurso combinado, uma média de 18,6 kWh/100km, o que daria para percorrer 505km sem necessidade de carregar. Isso, pode ser feito até 200kW em CC, mas apenas 11kW em AC, o que demora um pouco mais de 10h para carregar toda a bateria.

No que diz respeito a preços, o Polestar 4 começa nos 66.700€, com esta unidade a custar 76.300€. Os valores parecem ajustados face à qualidade do modelo, que parece ser mais dispendioso. O seu design agradou-nos, assim como a grande parte de quem connosco se cruzou, enquanto o interior revelou uma enorme qualidade de materiais e construção. Quanto ao andamento, revelou-se suficiente para 98% do que podemos necessitar, conseguindo consumos mais equilibrados e uma distância de autonomia mais longa.

Se a ausência do vidro traseiro não o incomodar, pode ir em frente!

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!