
“For the drivers”
Vamos diretos ao assunto. Durante os dias que passámos ao volante deste i4 que podem ver na imagem, a BMW provou-nos que é possível seguir um caminho “totalmente elétrico” sem fazer compromissos com o que para muitos importa bastante: a experiência de condução. Mas houve muito mais para contar neste “Teste Completo” ao renovado BMW i4 eDrive40.
Exterior
Com dimensões muito próximas às que encontramos no Série 3, esta é a solução 100% elétrica para quem procura um BMW de segmento D, sem ter que eleger uma das propostas SUV da marca. No entanto, o que mais se destaca no seu exterior do modelo é a elegância das linhas deste coupé de quatro portas (sem aro) que lhe confere uma imagem mais estatutária.
A dianteira, que inaugurou neste modelo uma nova filosofia de design e que foi alvo de várias opiniões, faz agora mais sentido, tendo sido uma das áreas que sofreu alterações neste restyling, bastante leve, provando que o modelo não necessitava de muito para se manter atual. Assim, a sua grelha (fechada nesta variante elétrica) passa a contar com uma nova decoração “mesh”, assim como uns grupos óticos revistos que contam com um novo arranjo das estruturas LED.
O dinamismo das suas linhas é também bastante evidente nesta secção, graças às nervuras e proporções que lhe conferem uma imagem desportiva, algo que passa igualmente para a sua lateral, graças à linha de cintura elevada, jantes que preenchem bem as cavas das rodas, e a própria silhueta, provando que o estilo coupé não passa de moda e que continua a ser um dos mais elegantes.
A traseira apresenta igualmente esse conjunto entre a elegância e a desportividade. A forma como o pilar D se “dilui” na tampa da bagageira demonstra isso, enquanto os farolins traseiros, com dimensões generosas aumentam a sensação de largura do modelo e apresentam outra das novidades desta renovação, a adoção – quando optamos pelas luzes adaptativas LED – dos farolins estreados no M4 CSL, que contam com tecnologia Laserlight, sendo elementos que merecem a nossa contemplação quando ligados.
Destaque ainda para o difusor traseiro, que para além de contribuir para a imagem global do modelo, ajuda ainda a conduzir o ar da melhor maneira, contribuindo para um coeficiente aerodinâmico reduzido.
Interior
Abrindo a porta do condutor, encontramos um ambiente de qualidade. Essa é a primeira sensação, não demonstrando quaisquer cortes na escolha de materiais, nem da maneira como estes são empregues, não exibindo quaisquer falhas de montagem. Todo esse cuidado revelou frutos durante os quilómetros que passámos ao volante, com ausência de quaisquer ruídos, mesmo em maus pisos.
Depois, a própria posição de condução é livre de falhas, conseguindo facilmente encontrar-se uma posição de condução, ao gosto de quem gosta de conduzir. Ou seja, pernas esticadas e um volante na posição certa, graças a contar também aqui com uma ampla regulação. Nesta unidade, que contava com a versão Pack Desportivo M, encontrámos ainda o novo volante de três braços. Este conta com uma pega mais grossa do que estamos habituados e uma base plana, mas que se revelou agradável passados alguns quilómetros de utilização.
O destaque no seu interior, a nível tecnológico, vai diretamente para o sistema de infotenimento, composto por dois ecrãs de 12,3’’ para o painel de instrumentos e 14,9’’ para o ecrã central, que compõem o BMW Curved Display. Este pode ser operado via touch, ou pelo iDrive – na consola central – tornando-se bastante intuitivo quando estamos a conduzir. Este novo sistema BMW Operating System 8.5 revelou ainda ser muito fácil de utilizar, assim como rápido e com uma boa imagem, aumentando a sensação tecnológica deste i4.
O painel de instrumentos pode ser personalizado com diversas informações, sendo ainda ajudado por um head-up display que nos apresenta de forma clara as informações mais necessárias, podendo ser comandado pelos comandos físicos do volante.
Quanto a mais comandos, o BMW i4 conta ainda com alguns no seu interior, sobretudo na consola central. Porém, os da climatização estão dispostos no ecrã central, ainda que presentes numa posição inferior de atalho.
Passando para os lugares traseiros, o BMW i4 não é o mais espaçoso do seu segmento, algo que já era expectável graças à sua silhueta estilo coupé. A entrada não é a mais fácil, mas depois de entrar é confortável até para um ocupante da altura de quem vos escreve (sub 1,80m) graças a uma boa inclinação do assento, existindo ainda espaço para a cabeça e suficiente para as pernas. Contudo, por este modelo ser assente na mesma base da versão térmica, conta com um túnel central, o que faz com que o lugar central seja mais uma solução de recurso do que de uso recorrente.
A bagageira com 470 litros de capacidade passa com distinção na componente familiar, tanto pela sua capacidade, dentro do que esperamos num modelo com estas dimensões, mas também graças à sua abertura – do tipo fastback – que torna o seu acesso mais fácil. O rebatimento dos bancos é igualmente possível na proporção 60:40, podendo aumentar a volumetria até aos 1290 litros.
Condução
Se até aqui as impressões têm sido positivas, na condução o BMW i4 prova-nos que o slogan que a marca Bávara utiliza continua a ser uma verdade: “Freude Am Fahren”, o que significa “Pelo Prazer de Conduzir”. Isso torna-se ainda mais importante quando estamos ao volante de uma nova geração elétrica, constantemente posta em causa por oferecer “menos” nesse capítulo.
Como dito acima, a variante em teste foi a eDrive40, ou seja, eDrive significa que estamos ao volante de uma versão de tração traseira (xDrive é tração integral) e o 40 diz-nos que temos ao nosso dispor 250kW (340cv) e 430Nm de binário. Esta é uma versão intermédia, acima do eDrive35 (210kW/286cv) e do mais desportivo M50 xDrive (400kW/544cv). Graças à sua bateria de maiores dimensões, este pode muito bem ser mais um caso de que ao centro está a virtude.
A primeira sensação que temos ao volante do BMW i4 é a de solidez e uma forma irrepreensível de pisar o asfalto, sendo mais confortável do que esperávamos inicialmente, algo que é ajudado em muito pela suspensão traseira a ar, de série em todas as versões do modelo. O rolamento da carroçaria é ajustado, algo que não exibe em demasia, ao mesmo tempo que não “sacode” os passageiros que estão a bordo e não têm um volante nas suas mãos. Para além disso, e por falar em volante, o ajuste da direção está também muito bem conseguido, com a assistência certa e bastante direta, sendo fácil de conduzir “na ponta dos dedos”.
Pode soar a exagero, mas a verdade é que é muito fácil acabarmos por seguir o caminho mais longo a bordo deste BMW 100% elétrico. E foi isso mesmo que fizemos.
Para testar os seus valores de consumo, percorremos 350km de uma só vez, em circuito citadino, estradas nacionais e autoestrada. Numa primeira fase, o consumo ficou em 14,7kWh/100km, sempre com ar condicionado ligado, alternando entre os modos Eco Pro e Comfort. No regresso, em autoestrada e a uma velocidade estabilizada nos 120km/h, o BMW i4 terminou esta viagem com uma média de 17,8kWh/100km, o que calculando com a sua bateria de capacidade útil de 81,3kWh, se traduz em 456km de autonomia. No caso da primeira parte da viagem, significaria um valor já bastante perto do máximo anunciado pela marca: 553km.
Depois disto, e como conduzir importa, foi numa estrada de montanha que conseguimos sentir melhor o que o BMW i4 pretende oferecer em termos de emoções. O modelo revela-se fácil de “ler”, aliando a suavidade e disponibilidade do motor elétrico, com o bom comportamento dinâmico, que faz sorrir quem vai ao volante. A “leveza” do eixo dianteiro permite inserir bem em curva, com maior confiança, mesmo com um peso que, na balança, ultrapassa os 2125kg. Ainda assim, não se sente em demasia.
Aqui, ponto positivo para o tato do travão, que mesmo neste tipo de condução um pouco mais viva, se sente bastante perto do que encontramos num modelo “térmico”, ou seja, fácil de modular.
Resta falar de números. Seja de performance, seja dos tempos e velocidades de carregamento, bem como do seu preço.
Quanto ao primeiro, os 0-100km/h chegam em 5,7s, o que é mais do que suficiente para um automóvel familiar, com algum “sangue na guelra”. Já em termos de tempos de carregamento, esses traduzem-se em 30 minutos para atingir os 80% na sua velocidade máxima de carregamento (205kW), enquanto a velocidade de carregamento máxima em corrente alternada é de 11kW, traduzindo-se em 8:30h para carregar totalmente a sua bateria.
Já no que diz respeito aos preços, o BMW i4 começa nos 57.900€, com esta versão eDrive40 a pedir em troca 64.750€. Já a nossa unidade em teste, bastante recheada de equipamento opcional, ascendia aos 81.161€. Como dito acima, para quem gosta do estilo, mas ainda não está pronto para assumir um caminho totalmente elétrico, o Serie 4 Gran Coupé “a combustão” está disponível desde 55.800€, para a versão 420i.
Conclusão
Em resumo, o BMW i4 eDrive40 foi uma agradável surpresa, que provou, tal como dito no início deste texto que é possível encontrar uma experiência de condução recompensadora, mesmo estando aos comandos de um 100% elétrico familiar como este. Mas este modelo é mais do que isso, é uma forma confortável de viajar, que nos permite percorrer longas distâncias sem carregar, num ambiente de qualidade e conforto, mesmo que não seja o mais espaçoso nos lugares traseiros. Tudo isto num “embrulho” elegante, prático e desportivo, que só um Gran Coupé consegue oferecer.